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O Início de Uma Grande História - Antuérpia 1920

  • Foto do escritor: Guilherme Rubens
    Guilherme Rubens
  • 31 de jul. de 2021
  • 6 min de leitura

#ParaCegoVer A imagem mostra uma foto antiga de 1920 com a delegação brasileira no tiro esportivo, há três homens bem vestidos na foto, com ternos e gravatas. Eles estão em um campo com alvos aos seus lados. A imagem está editada com cores vermelhas na grama. Em cima há o título "O Início de Uma Grande História: Antuérpia 1920" e abaixo: "Artigo: Edição Especial". O logo escondido do Blog do Rubão está dentro de um dos alvos. Toda a imagem está dentro do quadro do Blog do Rubão, desta vez, em vermelho também, para referenciar as olimpíadas atuais de Tokyo 2020.

A Primeira Participação do Brasil nas Olimpíadas

Na manhã da sexta-feira (23/07) o Imperador do Japão Naruhito decretou oficialmente o início dos jogos nas Olimpíadas Tokyo 2020, assim como seu avô em 1964. Em uma linda cerimônia de abertura, Japão abriu os espetáculos com muita alegria, mesmo com os pesares da pandemia.

Particularmente falando, os Jogos Olímpicos é algo lindo! Uma competição que une diversas nações do globo, passando mensagens de respeito, inclusão e paz. Torcer para seu país em diversas modalidades diferentes trabalha a empatia, o reconhecimento do brasão, e o amor pela terra natal!

Diferente da Copa do Mundo, grande parte dos atletas são “gente como a gente”, pois vários dos competidores não possuem uma vida luxuosa e nem patrocínio. Pelo contrário, muitos trabalharam arduamente para atravessar o Atlântico em busca de uma medalha. As Olimpíadas é uma competição que abre portas para aprendermos grandes histórias de nosso país! Torcendo e se emocionando junto com os brasileiros!

Mas hoje não estou aqui para refletir sobre isso, qualquer dia posso explanar com mais destreza tais pensamentos. Porém, neste artigo vamos relembrar um grande momento da nossa pátria nos Jogos, a sua brilhante estreia!

Então vamos lá?

O Início de Uma Grande História

O ano é 1920, estava iniciando a década dos “anos loucos”, há praticamente 100 anos atrás o mundo estava finalmente se recuperando de uma pandemia denominada “Gripe Espanhola”, onde aproximadamente 50 milhões de pessoas morreram.

Capital Rio de Janeiro (Ipanema) em 1920
Capital Rio de Janeiro (Ipanema) em 1920

Tempo em que Rio de Janeiro era a capital do país, onde o Cristo Redentor estava prestes a ser construído; tempo em que o gatinho Félix começava a sua traquinagem nos desenhos animados, simultaneamente no cinema mudo com Charlie Chaplin; tempo em que o movimento dadaísta estava prestes a encerrar e passar o bastão para o surrealismo; tempo onde o jazz reinava com suas músicas marcantes; e tempo onde a primeira Assembleia Geral da Liga das Nações fosse realizada com a presença de 42 países. Todas essas coisas foram diretamente influenciadas por um acontecimento significativo da época: A Primeira Grande Guerra Mundial, que se encerrou em 1918.


Então, já sabendo um pouco de como estavam as coisas neste período, vamos para as Olimpíadas!


Sobre os Jogos

Ocorrendo entre 20/04 à 12/09, os jogos de Antuérpia receberam 29 países, com 29 modalidades, 156 provas e 2622 atletas no total.


Após oito anos sem Jogos Olímpicos, finalmente fizeram. O mundo estava passando pela obscuridade da Primeira Guerra, portanto não houve uma edição durante esse período. Inclusive, foi nessa edição que a Bandeira Olímpica foi hasteada pela primeira vez! Com os cinco anéis representando a união dos cinco continentes. A complementar, os atletas começaram a prestar o Juramento Olímpico justamente nesta circunstância.


Criada por Barão de Coubertin (O pai dos Jogos Olímpicos Modernos) em 1913, a bandeira olímpica foi levantada oficialmente nestes jogos de Antuérpia, sendo apresentada para o mundo e virando uma tradição já centenária. Em 1931 Barão declarou em um texto publicado: “A bandeira olímpica tem fundo branco com cinco anéis entrelaçados no centro: azul, amarelo, preto, verde e vermelho. Esse desenho é simbólico. São os cinco continentes unidos pelo Olimpismo, enquanto pelo menos uma das seis cores aparece em todas as bandeiras nacionais do mundo no presente momento”


Por curiosidade, a argola azul representa a Europa; o amarelo, Ásia; o preto, África; o verde, Oceania; e o vermelho, América.


Essa mesma bandeira ficou desaparecida por 77 anos! Assim que os jogos acabaram, ela não foi encontrada, uma nova foi feita para a Olimpíada de Paris em 1924. Em 1997 o atleta Hal Haig Prieste – que ganhou a medalha de bronze nos saltos ornamentais em Antuérpia – revelou em uma entrevista que a bandeira tinha ficado com ele. Assim que os jogos acabaram, ele subiu no mastro e levou como recordação. A bandeira foi “doada” três anos depois da entrevista para o Comitê Olímpico Internacional, e hoje está exposta no Museu Olímpico de Lausanne, Suíça. Com um agradecimento a Prieste na exposição.


Embarcando para Antuérpia!

A história do Brasil se inicia no ano de 1920 nas Olimpíadas de Verão na Bélgica.


Navio Curvello - Marinha Mercante
Navio Curvello - Marinha Mercante

O Governo Federal – sob a presidência de Epitácio Pessoa – cedeu o grande Navio Curvello da Marinha Mercante, para que a delegação verde-amarela fosse até Bélgica, representando de forma inédita o Brasil nos Jogos Olímpicos.


A viagem durou exatamente 28 dias, praticamente um mês navegando pelo Oceano Atlântico. Tal jornada não foi nada fácil, já que o navio oferecia somente acomodações de 3° classe, com camarotes bem pequenos e enxutos, com difícil circulação de ar. Durante esse período os atletas treinavam no convés, com seus recursos e equipamentos.


A delegação brasileira era composta por 21 homens, que iriam competir nas modalidades: natação; polo aquático; saltos ornamentais; remo; e tiro esportivo. Todos foram devidamente representantes da Confederação Brasileira de Desportos (CDB), diferente do que algumas pessoas pensam, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) não arquitetou a viagem, os atletas se juntaram e pagaram todas as demandas com o próprio bolso!


As Conquistas

Orgulhosamente, o Brasil conquistou três medalhas! Todas dentro da modalidade de Tiro Esportivo: duas individuais e uma por equipe. A cidade Belga testemunhou a glória do espírito esportivo brasileiro sendo erguido e eternizado nas medalhas de Ouro, Prata e Bronze.

Delegação Brasileira no Tiro Esportivo em Bervelo, Bélgica (1920)
Equipe Brasileira no Tiro Esportivo em Bervelo, Bélgica

O ilustre responsável pela nossa primeira medalha de ouro não podia ter outro nome, Guilherme Paraense – Tenente do Exército e Porta Bandeira na Cerimônia de Abertura – conquistou o ouro no Tiro Rápido (25m) individual. A prata ficou por conta de Afrânio Antônio da Costa, que a conquistou na Pistola Livre (50m) Individual. Agora, em equipes, o bronze saiu da mesma prova, com os dois atletas junto com Sebastião Wolf, Fernando Soledade e Dario Barbosa.


Fora estes, outros atletas obtiveram seus méritos de honra. Veja só que interessante, Orlando Amêndola e João Jório disputaram provas em três modalidades: natação, remo e polo aquático. Alguns nadadores também ampliaram suas virtudes para mais esportes: Abrahão Saliturre (Remo), Adhemar Ferreira Serpa e Angelo Gammaro (Polo Aquático).

E detalhe, ainda que fosse verão na Europa, o frio era muito intenso, a temperatura da água das piscinas registrava três graus no dia da competição. Verdadeiros campeões!


O Furto e o FAIR PLAY

Ao fim da viagem de navio, decidiu-se que o Navio Curvello faria uma escala em Lisboa, Portugal. A equipe resolveu seguir de trem até a Bélgica, pois achavam que não chegariam a tempo. Sendo assim, a jornada continuou sob trem aberto, com chuva e sol. Infelizmente na conexão de Bruxelas, a delegação brasileira assustadoramente descobriu que parte das armas e munições da equipe foram simplesmente furtadas.


Após isso, chegaram ao campo de Beverlo, na Bélgica, onde estavam concentradas as outras equipes de tiro esportivo que compareceram naqueles jogos. Mas as únicas coisas que restaram do furto foram duzentas munições de calibre 38. Isso impossibilitava a participação de mais de dois atletas na competição. Porém, pelo fato dos brasileiros serem tão únicos e especiais neste momento, foi mais que essencial para que uma solução viesse.


Por ser tão alegre, carismático e simpático, Afrânio da Costa antes da medalha de prata conquistou algo precioso: a amizade com os norte-americanos: Alfred Lane e Raymond Bracken. Afrânio contou para eles tudo o que tinha acontecido na viagem, sobre a batalha de chegar até lá e de terem sido furtados. Comovidos com a situação, os americanos ofereceram parte de seus equipamentos para a equipe brasileira: dois mil cartuchos e duas pistolas Colt. O Ministério da Defesa descreve tal ato como: “Uma atitude de FAIR PLAY admirável até nos dias de hoje.”


Conclusão

Mais uma vez há provas de que nós não desistimos facilmente. As circunstâncias desta equipe de 1920 eram muito piores das que vivemos hoje, e mesmo assim eles continuaram persistindo até alcançarem a glória de serem campeões olímpicos! Que honra, que orgulho!

Segurem o meu Brasil! Pois onde estamos, conquistamos!

E aí? Você já conhecia essas histórias? Gostou? Fique a vontade para compartilhar, isso me ajuda muito! ;)

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Um forte abraço para todos vocês! Inté!

--Ruubeens!!

Fontes de Pesquisa


Os Loucos Anos 20 – Site da National Geographic: https://www.natgeo.pt/historia/2020/01/os-loucos-anos-20-100-anos-depois

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