ARTIGO - Mogi, Donde Tu Vens?
- Guilherme Rubens
- 1 de set. de 2021
- 7 min de leitura
Você Conhece Mogi das Cruzes?

#ParaCegoVer: A imagem mostra a cidade de Mogi sob o ângulo da Serra do Itapeti, podemos ver o formato da cidade junto às árvores da serra. A cidade está toda em azul e as árvores em verde escuro. Em cima há um letreiro escrito "Mogi 461 Anos" E embaixo "Artigo: Mogi, Donde Tu Vens?". O logo do site está escondido dentro da Letra "O" de Mogi e de "Anos". Toda imagem está dentro do quadro do Blog Do Rubão.
Mogi, Donde Tu Vens?
Saudações Mogianas!
Hoje, dia 1° de setembro, a cidade de Mogi das Cruzes completa 461 anos! E para homenagear esta cidade acolhedora, cá estou escrevendo um pouco sobre a linda Mogi.
O que você sabe além do fato de Mogi ser a “Terra do Caqui”? Aliás, você sabia disso? Pois é!
Dentre muitas idas e vindas a história de Mogi das Cruzes foi marcada por diversos fatores, sejam culturais, industriais, econômicos e sociais. Neste artigo exploraremos sobre a sua origem e algumas curiosidades.
Que tal conhecermos mais sobre nossa cidade?
-Para começo de conversa, onde fica Mogi?-
A Cidade fica na região metropolitana do Estado de São Paulo, fazendo parte da do Alto Tietê, a região tem esse nome pois a nascente do Rio Tietê está localizada em Salesópolis, percorrendo parte das cidades até chegar em São Paulo. Diga-se de passagem, a água em sua nascente é extremamente diferente daquela que é conhecida por suas impurezas e mau cheiro na Marginal Tietê, na capital paulista.

O Alto Tietê é composto por: Arujá, Biritiba Mirim, Ferras de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano.
Mogi fica no meio desta região, sendo a cidade mais populosa com aproximadamente 400 mil habitantes. Sua distância entre até a capital é de 50km. Aos pés da Serra do Itapeti, Mogi é uma cidade bem harmônica com a natureza.
-O Início de Tudo-
A história de Mogi das Cruzes se inicia com o explorador português Braz Cubas, em 1560. Braz Cubas chegou ao Brasil em 1531 na expedição de Martim Afonso de Sousa, fundador de São Vicente.
Em uma de suas expedições à procura de ouro, Braz Cubas encontrou um ótimo ponto de descanso no meio das grandes matas, às margens do Rio Anhembi. Com o tempo, outros bandeirantes começaram a utilizar aquela região como um local de repouso, logo um povoado começava a aparecer ali. Em 1° de setembro de 1611, uma vila era estabelecida e nomeada de “Villa de Sant´Ana de Mogi Mirim”, adotando o nome do padroeiro. Inclusive, na época já existia uma estrada que dava acesso a São Paulo, feita por Gaspar Vaz.

Por conta dessa estrada, a economia da vila foi crescendo, através dessa via muitos transportavam suprimentos, riquezas e até mesmo outras pessoas. Conforme essa movimentação foi aumentando, a vila foi crescendo mais em mais, até se transformar no município que conhecemos hoje, que acolheu diversas colônias do planeta, principalmente a japonesa.
Em 13 de março de 1865 a vila teve elevação à cidade, e em 14 de abril de 1874 à Comarca.
-Este nome... O que significa?-
A origem do nome vem da palavra indígena “M´boigy”, que significa “Rio das Cobras”, nome atribuído ao Rio Tietê pelos indígenas. De boygi passou a ser Mogi. Nesta língua indígena (Antiga Tupi), “Mirim” quer dizer "pequeno", referência ao riacho Mogi Mirim. Depois com a linguagem popular, houve uma troca do “Mirim” para “das Cruzes”, pois era normal os povoadores colocarem cruzes aos limites da vila, para sinalizarem aos visitantes. Ou seja, os que vinham de fora reconheciam a característica da vila por ser cercada de cruzes. Isso está de acordo com a tese de Dom Duarte Leopoldo da Silva, e confirmada pelo historiador e professor Jurandyr Ferraz de Campos.
-A colônia japonesa-
Mogi das Cruzes é uma cidade com uma forte influência japonesa, até hoje o município carrega a cultura do Japão em suas raízes.
Em 1908, precisamente no dia 18 de junho, os primeiros japoneses estavam chegando ao Brasil pelo navio Kasatu-Maru. Eles viajaram 12 mil milhas, com aproximadamente 800 imigrantes. Porém, os primeiros grupos chegaram em Mogi somente em 1919, logo após o fim da Primeira Guerra, eles vieram do oeste paulista. Os pioneiros foram a família de Shiguetoshi Suzuki.
Segundo a historiadora Davse de Freitas Ackel Ghani, na verdade o primeiro japonês a chegar em Mogi foi Naoki Suenaga no ano de 1915 no bairro de Biritiba Mirim. De acordo ela, Naoki iniciou um comércio de carvão, mas como não obteve lucro, acabou voltando para São Paulo, junto com as duas famílias que estavam com ele.
Como uma morada fixa, o primeiro foi Shiguetoshi Suzuki, trabalhando como produtor arrendatário. Depois dele, outras pessoas foram chegando em 1921 e 1922, como as famílias: Yoneda, Matsumara, Tetsuo Yoshida e ItiroKonno. A historiadora ainda diz que outras famílias chegaram como pioneiras na Porteira Preta, Sabaúna e São Silvestre.
A comunidade japonesa contribuiu muito para o crescimento da cidade, já que eles se dedicaram muito ao setor agrícola do município, referência até hoje em nosso país.
Diversos monumentos estão espalhados pela cidade, com representações diferentes dos japoneses. O mais famoso é a estátua levantada em 1969, no 50° aniversário da imigração. Ela é composta por uma mulher carregando uma criança nas costas e um homem carregando a enxada no ombro. A praça dos Imigrantes foi toda adaptada para seguir um estilo oriental, tanto que nela há um laguinho ornado por pedras e barcos que também simbolizam essa cultura. Logo, todo o cenário é inspirado no Japão.

Algumas curiosidades
-Independência ou Morte!-
Em 1822 um inesperado visitante chega em Mogi das Cruzes, o príncipe da Monarquia Brasileira, Dom Pedro I, saiu do Rio de Janeiro em 14 de agosto com destino a São Paulo, onde no dia 7 de setembro proclamaria a Independência do Brasil, às margens do Rio Ipiranga.
Na época, a pequena vila de “Mogy” não tinha mais de 981 habitantes, era uma cidade estratégica para descanso de viajantes que vinham do Rio para São Paulo. Na manhã de 23 de agosto a vila se agitou, um grande contingente de cavaleiros com familiares do Capitão-mor foram nas cercanias da vila à espera de Sua Alteza, Dom Pedro. O príncipe acompanhou todo o cortejo até as dependências da vila.

Dom Pedro foi homenageado no centro da vila no Largo da Matriz, visitou a igreja e depois foi até o prédio da Câmara Municipal (Que ficava do outro lado da praça), onde lá assinaria dois decretos: O primeiro demitindo o governador da província de Santos; e o segundo nomeando outro homem para a devida substituição. No mesmo dia o príncipe também visitou as Igrejas do Carmo.
No dia seguinte, 24 de agosto, Dom Pedro seguiu seu trajeto para São Paulo, levando consigo um documento feito pelos mogianos, que diziam estar reiterando apoio à Independência do Brasil. 13 dias depois, às margens do Rio Ipiranga, algo histórico estava acontecendo, o objetivo de Sua Alteza estava virando realidade, Brasil deixou de ser colônia, e Portugal deixou de ser metrópole.
-Alegria nas Pernas-
Essa curiosidade é braba, se prepara!
Diferente do que muitas pessoas pensam, Neymar não nasceu em Santos, mas sim em Mogi das Cruzes!
-Mogi, a Terra do Caqui-
Assim como já comentado, a agricultura é muito forte em nossa cidade, temos uma das maiores produções de hortifrutigranjeiros do país. Felipe Monteiro de Almeida, Secretário Municipal de Agricultura de Mogi diz que: “Tanto as variedades cultivadas quanto as metodologias de plantio são originárias da colônia japonesa”. Segundo o secretário, só o cultivo de caqui ocupa uma área de 1.484 hectares, em 468 propriedades diferentes. Para se ter uma ideia, a produção estimada para 2021 é cerca de 50 mil toneladas para a safra de 2021. A produção de caqui está em um patamar tão elevado, que Mogi representa 50% de toda a produção de caquis em todo Estado de São Paulo, explica o agrônomo Renato Pereira, ex-coordenador da PIF (Produção Integrada de Frutas), em uma entrevista ao jornal Entrepost. Clique aqui para saber mais.

Caqui é uma delícia! Lembro-me que no meu 4° e 5° ano do Ensino Fundamental, nós comíamos caqui praticamente todos os dias, já que a prefeitura fornecia uma grande quantidade de frutas para as escolas municipais.
-Acidente Aéreo-
Na Rua Dr. Corrêa, no Centro Histórico, há um monumento chamado “Aviador”, em homenagem a um acidente ocorrido em 1948 no aniversário da cidade. Abaixo está uma descrição precisa do monumento e sua história:
“Foi inaugurado no dia 06 de fevereiro de 1949, na rua Dr. Corrêa, no Largo Bom Jesus, o monumento em homenagem aos aviadores Joaquim Frederico Muhleise e Wilson Abreu, vítimas do acidente aéreo ocorrido no dia 1º de setembro de 1948, aniversário da cidade. Enquanto jogavam papéis picados e flores sobre a multidão que participava das comemorações do aniversário da cidade, o motor do avião Paulistinha do Aero Club sofreu uma pane e se espatifou no chão. O monumento foi a maneira encontrada pelos mogianos para homenagear os dois jovens. Há uma placa de bronze com os seguintes dizeres: "Cumprimos o nosso dever - Joaquim J. F. Muhleise e Wilson A. Abreu + 01/09/1949", e a reprodução, também em bronze, da hélice partida do avião.”
{Trecho retirado diretamente do site do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes}
Conclusão
Ainda há muitas outras coisas que podem ser contadas, mas deixo aqui a minha contribuição e homenagem para minha querida cidade Mogi das Cruzes. Mesmo não sendo mogiano de nascença, sou mogiano de coração.
Feliz 461 Anos, Mogi!
Fala galera! Obrigado pela leitura!
Este artigo me deu muito trabalho, foram muitas pesquisas para chegar na resolução final. Por isso, deixarei todas as referências abaixo caso alguém queira conferir os dados/informações ou simplesmente saber mais sobre determinado assunto.
Se você gostou, compartilhe! Isso me ajuda bastante.
Muito obrigado, e um forte abraço mogiano!
--Ruubeens!!
Referências:
Sobre o Alto Tietê:
Site da Prefeitura de Mogi das Cruzes:
Site da COMPHAP:
Um Pouco de Mogi das Cruzes, Rota da Luz - SP:
DEPRN / DUSM - Equipe Técnica de Mogi das Cruzes:
Dados do IBGE sobre Mogi das Cruzes:
SANTOS, Rosival. Os Japoneses Em Mogi das Cruzes. A SEMANA.
Monumento do Imigrante Japonês:
Curiosidades sobre os monumentos japoneses:
Região de Mogi das Cruzes Concentra a Maior Produção de Caqui do Estado, Jornal Entrepost:
DOS SANTOS, ROSIVAL. Dom Pedro em Mogi – A SEMANA:
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